Chamame




sábado, 20 de maio de 2006

Tránsito Cocomarola

A trajetória artística de Tránsito Cocomarola lhe valeu o título de "El Taita del Chamamé". A palavra "taita" em guaraní significa "pai".

Tránsito Cocomarola Mario del Tránsito Cocomarola nasceu em 15 de agosto de 1918 na localidade de San Cosme, mais precisamente na “Estancia El Albardón”, província de Corrientes. Ali sob a influência de duas culturas, e de duas heranças, entre canções de origem guaraní de sua mãe correntina e melodias de terras distantes, trazidas na memória e nostalgia de seu pai imigrante italiano, começa a trajetória musical de um gênio do chamamé.

É nesta mistura de culturas "Guaraní-Corrientes-Itália" que começa a história de um GRANDE da música chamamecera. O primeiro contato que Tránsito Cocomarola teve com a música foi através de seu pai que era acordeonista. E foi esse instrumento que acariciou desde pequeno, e já com somente treze anos e vestindo calças compridas para aparentar mais idade e auxiliado pelas sombras da noite, já atuava "clandestinamente" em lugares de vida noturna para ganhar seus primeiros Pesos.

Foi também com este primeiro acordeón que compôs seus primeiros temas e com ele seguiu gravando alguns anos depois, mesmo quando já executava algumas canções com o bandoneón, e de forma alternada ora gravava com um instrumento e outro.

Na década de 30 integra a vários conjuntos, e em Corrientes já atua com os dois instrumentos mencionados na primeira orquestra folklórica da província que era dirigida pelo maestro Ricardo Suárez. Posteriomente já em Buenos Aires, se apresenta com "Los Hijos de Corrientes" e o “Trío típico Correntino” que dirigía Emilio Chamorro. Também com o conjunto de Osvaldo Sosa Cordero, com o Conjunto Irupé junto a Roberto Ferradás Campos e Santiago Barrientos em 1946, com o Conjunto ”Los Kunumi” junto a Samuel Claus e Emilio Chamorro, posteriormente com Ramón Estigarribia e com a "agrupación del santaluceño" Miguel Repiso, participa em algumas gravações com o “Trio Taragui” de Pedro Sánchez.

Em uma seção de gravação, integrando o conjunto “Los Hijos de Corrientes”, um diretor do selo discográfico escuta Cocomarola tocando e fica surpreeendido pela altíssima qualidade de suas interpretações e lhe propõe gravar com seu próprio nome. Este foi o ponto inicial que daria a Cocomarola a possibilidade de trascender e chegar a um disco como diretor de seu próprio grupo: o legendário “Trio Cocomarola”. Isso ocorreu no final do ano de 1941 e em 19 de maio de 1942 grava seus primeiros dez temas com o selo Odeon. E neste selo discográfico deixa impresso um total de 124 temas.

Os primeiros tríos junto ao Taita del Chamamé nas primeiras dez gravações foram integrados pelos violonistas: Colón Cobas, Policarpo Benitez, Pedro Pascasio Enríquez e Luís Ferreira, a seguir ingressa o "Duo de los Zorzales” composto por Ramón Hurtado e Isauro Guerreño, até o ano de 1945. Deste ano até 1948 o dúo Cejas- Ledesma, com José Cejas e Juan Alberto Ledesma.

No período de 1948 à 1952 gravaram com Cocomarola: Nieves Rodríguez conhecido como Tabú, El Indio del Norte, Emeterio Fernández, Odilio Godoy, Manuel Gómez, José Cejas que permaneceu um tempo mais e Antonio Nicolás Niz em uma primera etapa. Posteriormente também se integram ao Trío Cocomarola o dúo de vozes Quiróz-Úbeda, composto por Gabino Quiróz y Pascasio Úbeda, este último formaria tempos depois o afamadíssimo dúo Úbeda-Chavez . No final de 1956 logo a seguir da desvinculação do Dúo Vera-Lucero, outras vozes se unem ao conjunto; são eles: Simón Jesús Palacios y Santiago Nicolás Verón, que agregam o acordeón de Roque Librado Gonzalez e novamente a guitarra de Antonio Niz.

Estes dúos e trios integraram Cocomarola em seus primeiros anos de atuação, e com eles levou ao disco 5 temas realmente inesquecíveis.

Quase nos fins da década de 40, o inesquecível bandoneonista Eustaquio Miño, tinha em sua formacão um dúo de vozes que abriria caminhos a passos firmes no firmamento chamamecero. Cocomarola, que já os conhecia, faz um convite para integrarem seu conjunto, feito que ocorre no ano 1952. O dúo era integrado por Salvador Miqueri e Eustaquio “Nene” Vera, o afamado dúo Vera-Lucero.

Entre os anos de 1952 e 1956, gravam com o Taita del Chamamé uma série de exitosos temas e é sem dúvida alguma neste período onde vão se somando fatores que convertem em um éxito estrondoso os temas que compõem Cocomarola e Salvador Miqueri, somando-se ao estilo inconfundível do dúo de vozes e o toque justo, equilibrado e harmonioso do bandoneón do Taita del Chamamé.

Com a aparição destes valores chamameceros, o canto se divide em um "antes e depois" de Vera-Lucero. Com Tránsito Cocomarola deixaram gravados em suas vozes vinte temas e todos sem exceção - inquestionávelmente foram sucessos: Rojheyama, Para Ti, Compañera, El Boyero, Zunilda, Chiripá, Retorno, Puente Pexoa, Imploración, Mi Selva eterna, Rincón Dichoso, entre outros.

Porém, a vida e obra de Tránsito Cocomarola não se deteve. Logo de incorporar a Roque L González no acordeón, Juan Ayala no contrabaixo, e o violão de Antonio Niz, os dúos e trios de vozes são inumeráveis: Verón Palacios; Lisardo Cáceres-Evaristo reyes-Hipólito Argentino Vargas; Gregorio Molina; Julio Godoy; Luis Soloaga; Ireneo Ramírez, Carlos Ramírez, Elpidio Verón Miño, Juan Ojeda, Alfredo Alejandro Almeida; entre outros.

Tránsito Cocomarola Cocomarola deixa gravado no selo Odeón 124 temas e no selo Phillips 250, esto deixa demonstrado a vigência de um gênio da música folklórica correntina. Os temas registrados na SADAIC (Associação Argentina de Autores e Compositores de Música) superam duas centenas.

Inesperadamente, Tránsito Cocomarola falece em 19 de setembro de 1974. Por Lei N°3278 do Poder Executivo de Corrientes se instituiu esta data como “El Día del Chamamé”.

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