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sexta-feira, 25 de agosto de 2006

Anahí, a lenda da flor del ceibo

Na minha peregrinação em busca das músicas perdidas do Paraguai e conhecedor de que todas elas têm a sua história ou lenda, achei a linda canção Anahí, já interpretada em português por Tetê Espíndola e tantos outros cantores. Trata-se de uma lenda que percorre os países latinos, principalmente dos nossos hermanos paraguaios e argentinos, que fizeram dela uma bela composição.

A lenda fala de uma indiazinha, feinha, de nome Anahí, que nas tardes quentes de verão cultivava a atenção de sua tribo, com canções inspiradas em seus deuses e no amor à terra. Quando chegaram os conquistadores, Anahí foi capturada pelos soldados e levada a ao acampamento montado e vigiada pelos sentinelas.

Numa noite em que o sono venceu o sentinela, Anahí escapou, mas perseguida pelos soldados. Quando foi alcançada, travou uma luta com seu opressor, momento em que conseguiu feri-lo mortalmente com a adaga do próprio soldado. O grito daquele soldado trouxe mais e mais homens, que a perseguiram até alcançá-la.

Em represália à sua vontade de recuperar a liberdade e continuar a morar livremente na terra que os deuses tinham lhe dado, os conquistadores impuseram um castigo espetacular a ela, que serviria como exemplo para todos os demais da tribo. Ela foi amarrada a uma árvore e rodeada de lenha, na qual atearam fogo.

Ela inclinou a cabeça para o lado e começou a sofrer, em profundo silêncio, a sentença imposta pelos conquistadores. Mas parecia que o fogo não queria tocá-la, como que recebendo ordens dos deuses. E a árvore, entendendo a mensagem, foi tomando Anahí e fundindo seu corpo ao tronco, num abraço identificador.

No dia seguinte, os soldados se viram ante uma árvore de verdes folhas e flores aveludadas de cor vermelha carmim, que mostrava o desejo dos índios de serem livres junto à terra e sua ecologia, complementando ainda mais a vontade de Anahí de estar sempre na sua terra, viva e sendo exemplo de liberdade!

Hoje, uma rara flor encarnada ilumina os bosques desde a mesopotâmia Argentina. A flor de ceibo que encarna a alma pura e altiva de uma raça que já não existe mais e que foi declarada Flor Nacional Argentina. Sua cor vermelha escarlate é símbolo de fecundidade na naquele país.

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ANAHÍ

Anahí
As arpas sentidas soluçam arpejos
Que são para ti Anahí
Teus acordes lembram a imensa bravura
Da raça tupi

Anahí
Índia flor agreste da voz tão suave
Como Aguaí
Anahí, Anahí

Teu vulto no campo difere entre as flores
Pela cor rubi

Defendendo a vida
Tua valente tribo, foste prisioneira
Condenada à morte
Já estava teu corpo envolto à fogueira

E enquanto as chamas estavam queimando
Numa flor tão linda se foi transformando
Os teus inimigos fugiram dali
As aves ficaram cantando o milagre
Da flor de Anahí!

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Marcelino Nunes de Oliveira - Bacharel em Direito, pós-graduando em Metodologia do Ensino Superior, vereador em Ponta Porã e estudioso da cultura fronteiriça. E-mail: marcelinonunes@ibest.com.br

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